Wednesday, November 3, 2010

Câmeras escuras e espelhos mágicos

A câmera escura, que oferecia um espetáculo "tão maravilhoso e cheio de encantamento", que fazia surgir "pequenos fantasmas", foi uma diversão amplamente utilizada durante todo o século XVII. Por volta de 1630, uma câmera escura foi aberta ao público em Paris. Ficava na Samaritaine, uma fonte de grandes dimensões construída em 1603 sobre os pilares do segundo arco do Pont-Neuf, ao lado do Louvre. Infelizmente foi demolida no século XIX. Assim colocada, a câmera escura da Samaritaine captava uma vista do Louvre, o céu e os pássaros, o Sena, toda a animação da ponte: um maravilhoso espetáculo aberto a todos.
Enquanto isso, os cientistas conseguiam multiplicar os poderes espetaculares da câmera escura.

  • Em 1642, um jesuita italiano, Mario Battini, publicou as seguintes instruções: se fizermos doze orifícios na parede ou no postigo e colocarmos um guerreiro armado do lado de fora da câmera, um pequeno exército de doze homens, todos fazendo exatamente os mesmo movimentos, aparecerá projetado sobre o pano branco da tela. Para dar à imagem a posição correta, Bettini utilizou uma lente plano-convexa (hemisférica) grande e forte, colocada sobre um pedestal e de frente para a abertura, no interior da câmera. A lente concentrava os raios luminosos e direcionava-os para uma outra lente semelhante; entre as duas, os raios de luz cruzavam-se novamente, e a imagem projetada pela segunda lente aparecia sobre o pano.

Aperfeiçoamentos:

Em seu livro Ars magna lucis et umbrae [A grande arte da luz e da sombra], de 1646, o jesuíta alemão Athanasius Kircher apresentou também novos e complexos modelos de câmera escuras. Kircher descreveu uma grande câmera escura destinada aos pintores de paisagem e a ser colocada a céu aberto. Dentro dela, estendeu uma parede de papiro. O pintor tinha apenas de entrar na câmera para desenhar no papel as paisagens externas. A câmera de Kircher era portátil, segundo ele, apesar de indubitavelmente suas dimensões não permitirem grande mobilidade.

Afinal, foi o matemático bávaro Johann Christoph Sturm (1635-1703) que inventou, por volta de 1670, a câmera escura mais simples e manuseável, logo adotada em toda a Europa. Ele explicou sua "camera obscura portatilis" em seu Collegium experimentale sive curiosum".
Sturm também utilizou um "olho de madeira, que pode ser girado e direcionado em todos os sentidos", e o colocou diante de uma caixa feita em cartão duro e constituída de duas peças, uma dentro da outra, podendo-se assim "aumentar ou diminuir a caixa à vontade".

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