Enquanto isso, os cientistas conseguiam multiplicar os poderes espetaculares da câmera escura.
- Em 1642, um jesuita italiano, Mario Battini, publicou as seguintes instruções: se fizermos doze orifícios na parede ou no postigo e colocarmos um guerreiro armado do lado de fora da câmera, um pequeno exército de doze homens, todos fazendo exatamente os mesmo movimentos, aparecerá projetado sobre o pano branco da tela. Para dar à imagem a posição correta, Bettini utilizou uma lente plano-convexa (hemisférica) grande e forte, colocada sobre um pedestal e de frente para a abertura, no interior da câmera. A lente concentrava os raios luminosos e direcionava-os para uma outra lente semelhante; entre as duas, os raios de luz cruzavam-se novamente, e a imagem projetada pela segunda lente aparecia sobre o pano.
Aperfeiçoamentos:
Em seu livro Ars magna lucis et umbrae [A grande arte da luz e da sombra], de 1646, o jesuíta alemão Athanasius Kircher apresentou também novos e complexos modelos de câmera escuras. Kircher descreveu uma grande câmera escura destinada aos pintores de paisagem e a ser colocada a céu aberto. Dentro dela, estendeu uma parede de papiro. O pintor tinha apenas de entrar na câmera para desenhar no papel as paisagens externas. A câmera de Kircher era portátil, segundo ele, apesar de indubitavelmente suas dimensões não permitirem grande mobilidade.
Afinal, foi o matemático bávaro Johann Christoph Sturm (1635-1703) que inventou, por volta de 1670, a câmera escura mais simples e manuseável, logo adotada em toda a Europa. Ele explicou sua "camera obscura portatilis" em seu Collegium experimentale sive curiosum".
Sturm também utilizou um "olho de madeira, que pode ser girado e direcionado em todos os sentidos", e o colocou diante de uma caixa feita em cartão duro e constituída de duas peças, uma dentro da outra, podendo-se assim "aumentar ou diminuir a caixa à vontade".